quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Edson Gallo: O que é conto?

O que é conto?

“QUEM CONTA UM CONTO, AUMENTA UM PONTO”.

Definir o conto, talvez, seja tão difícil quanto responder a questão, o que é Literatura? Para isso, teríamos que recorrer a uma infinidade de teorias e à busca de parâmetros históricos, estilísticos, semântico-estruturais, etecetera ,etecetera... . No entanto, o conto moderno ou, a short-story , como preferem os ingleses, apresenta algumas características peculiares, que seriam; uma narrativa curta, concentrada em um conflito único, já próximo do desfecho, não se prendendo tanto à caracterização de personagens, tempo e espaço.
Muitos autores consagrados, já tentaram, não em vão, definir o conto, ou mesmo enquadrá-lo como um gênero à parte. Mário de Andrade, no conto “Vestida de Preto”, começa assim: “tanto andam agora preocupados em definir o conto que não sei se o que eu vou contar é conto ou não, sei que é verdade.” Já, Machado de Assis, sem dúvida, o nosso maior escritor de todos os tempos, alertava para a dificuldade de se escreverem contos: É gênero difícil, a despeito da sua aparente facilidade.”
O conto, hoje, é muito mais dinâmico do que as amarras ou f(ô)rmas que a Teoria Literária tentou impingir-lhe. Agora, o conto varia de acordo com as perspectivas temáticas frente ao real; daí ouvirmos falar em contos regionalistas, contos policiais, contos psicológicos, contos sociais, contos de costumes, contos realismo-fantástico, contos eróticos, contos religiosos... ou mesmo, contos tocantinenses.
A literatura atual vive sob o estigma da pós-modernidade, cuja batuta regente é a velocidade. Tudo é fast , breve, sintético, conciso. Vivemos regidos por uma angustiante falta de tempo (ou, economia de tempo, como eles querem).Viver cada minuto como se fosse o último. É este carpem die pós-moderno chamado brevidade, que acredito, seja a mais marcante característica do conto, e que tem sido a responsável pela grande aceitação desse gênero junto ao público leitor.
Outra consideração oportuna, seria quanto á qualidade do conto. Que critérios são observados para definirmos se um conto é bom ou ruim? Outra vez a subjetividade entra em campo e, acredito, que um bom começo seria; Conto Bom é aquele que você lê de uma só assentada! Sem interrupção. A brevidade da narrativa, o número de páginas ou laudas, a rigidez de construção, a veracidade ou não do que se conta, nada disso tem importância se o conto não atingir o seu objetivo que é , segundo Poe: “atingir o estado de excitação e exaltação da alma.”
Paradoxalmente, o assunto é muito longo, portanto, faço uso invertido do velho ditado: Quem quiser aumentar o ponto que conte um conto.

Edson Gallo, é escritor , professor e pós-graduado em Literatura Brasileira.

3 comentários: